*

*
Cantaram as cigarras
ensurdecedoramente
um grito de agonia
no ímpeto do calor que mata.
A praia é calma, agora.
já humanos não agitam, não perturbam as ondas
que agora me pertencem: e ora nelas me cubro de sal e de azul.
( Num mar só meu.)
Não és de ninguém, só te pertencendo a ti próprio porque és livre !
e nessa tua liberdade me banho, tomando-a para mim!
O sol foi iluminar o poente.
O vento agita os ramos das palmeiras
numa dança de plumas gigantescas.
( Delirante, a dança. )
Olho as copas dos pinheiros mansos,
agrupados, mimando elmos de guarda pretoriana
vigiando, continuamente, tua serenidade de uma imensidão azul.
( Vigilante, a guarda. )
E tu, meu mar, revigoras-te na noite, sob o manto da lua esquiva,
para surpreenderes o sol quando, regressado das margens
orientais e helénicas,
te vier, de novo, aquecer.
Então, serão as gaivotas que darão alvíssaras pelo novo dia que chega,
frescas, correndo da terra para as tuas águas
onde mergulharão, eufóricas.
( Escaldante, o sol dourado. )
E cantarão as cigarras
ensurdecedoramente
um grito de agonia
no ímpeto do calor que mata.
Texto e foto: fernanda s.m. - Algarve- 5/8/2007
1 comentário:
Bela a imagem, também as cigarras que ouvi cantar pelas tardes de um canto quente de sol.
Um abraço da Graça Magalhaes.
Enviar um comentário