*

Converso comigo mesma.
Não falo sozinha. Converso.
Como não se encontra mais ninguém na sala, converso com o meu eu.
Também não há espelho. Há escuridão.
E eu falo, e eu respondo...
Ah,
há música.
Hoje, agora, (Juliette Greco ).
Afinal, não converso só comigo mesma.
Converso com a memória das sensações.
Eis a magia da música que fala de nós, do que fomos e vivemos.
Estão vivas, vivas, as emoções, nas vozes já mudas mas que renascem sempre que as ouvimos.
E a noite que me acordou para conversar comigo mesma, embala-me agora, docemente, nos abraços dos que viveram essas emoções comigo, mas já partiram.
Afinal sempre converso comigo mesma, com Juliette Greco e com a escuridão.
Lá fora, a noite não se vê, embrulhada em diáfano nevoeiro.
Já não converso.
Olho e relembro.
texto e foto de fernanda s.m.
4 comentários:
Gosto sempre de tudo que escreve e desta conversa solitária.
Beijos Rosa
Obrigada, Rosa. Beijinhos pela sua visita.
Como sempre, belo!!!Como a entendo! Abraço
Como sempre, belo!!! Como a entendo! abraço
Enviar um comentário