*
Ilha
Disseste-me que
----------para lá da ilha
----------só existe a poesia
(notre vraie patrie après l'île)
E acreditei.
(...)
Juntei então
----------toda a areia do deserto
----------e construí
-----------------grão a grão
Um palácio imenso e deslumbrante
----------onde me refugiei.
Juntei então
Toda a água do oceano
E cerquei o meu palácio
do mar mais profundo
que algum dia existiu.
Juntei então
---------- o azul de todos os céus
---------- e cobri o meu palácio
da abóbada mais celestial
que a natureza pintou.
Habitante do paraíso
só me restaria ser feliz
e construir a memória do esquecimento.
Faltou-me contudo
a PALAVRA.
Sem a palavra
a ilha não existe.
Sem a ilha
não existe o poema.
Sem o poema
ilha é exílio.
Vera Duarte - « Preces e Súplicas ou os Cânticos da Desesperança », Instituto Piaget.
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