Vós que viveis tranquilos
Nas vossas casa aquecidas
Vós que encontrais regressando à noite
Comida quente e rostos amigos:
Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não
Considerai se isto é uma mulher
Sem cabelos e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno.
Meditai que isto aconteceu
Recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração.
Estando em casa andando pela rua
Ao deitar-vos e ao levantar-vos;
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou então que desmorone a vossa casa
Que a doença vos entreve,
Que os vossos filhos vos virem a cara.
[ A 27 de Janeiro de 1945, o campo de Auschwitz é libertado pelas tropas soviéticas. Ali mora para sempre a memória do horror. ]
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Pedido emprestado ao blogue da Ana Assunção
2 comentários:
Gostei muito do que aqui vim encontrar.
Terrível a realidade de que fala o poema.
Gostei de seu blog.
Obrigada pela presença, Fernanda.
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