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« (...) Quando desligou o telefone, a noite estava húmida e a escuridão suave, e viver era ter um véu cobrindo os cabelos. Então com ternura aceitou estar no mistério de ser viva. Antes de se deitar foi ao terraço: uma lua cheia estava sinistra no céu. Então ela se banhou toda nos raios lunares e se sentiu profundamente límpida e tranquila. Pouco a pouco foi adormecendo de doçura, e a noite era bem dentro. Quando a noite amadurecesse viria o véu mais cheio de brisa da madrugada. Por enquanto, ela estava delicadamente viva, dormindo. »
Clarice Lispector - " Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres " , Relógio D'Água
foto de fernanda s. m.
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