*
Se morrer, sobrevive-me
com tanta força pura
que despertes a fúria do
desanimado e do frio,
de sul a sul ergue os
teus olhos indeléveis
que, de sol a sol ,soe a
tua boca de guitarra.
Não quero que vacilem o
teu riso, nem os teus passos,
não quero que morra a
minha herança de alegria,
não chames ao meu peito,
estou ausente.
Vive na minha ausência
como numa casa.
É uma casa tão grande, a
ausência,
que passarás nela
através das paredes
e no ar suspenderás os
quadros.
É uma casa tão
transparente, a ausência,
que eu, sem vida, te
verei viver
e se sofreres, meu amor,
voltarei a morrer.
Pablo Neruda in “ Cien Sonetos de Amor” - Soneto XCIV.
foto de fernanda s.m.
foto de fernanda s.m.
Sem comentários:
Enviar um comentário