20/02/2009

«conversei de mansinho...»

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Sementes do Espaço - desenho de Augusto Mota (1960), 31x49 cm.Café e tinta-da-china

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Conversei de mansinho
com o firmamento
apliquei-me em não pedir
nada pedir

mas a imensa e veloz
força do Tempo
me impeliu para o Ir
para o Ir.

Intervala-se agora nesta magia
uma pausa de lutas e sinais.

Fico no cais da voz
(não no da vida)
e o Voltar vem
com outro Voltar.

um dia


MARIA TOSCANO, in «A Utopia da coragem»,
"Palimage Editores", Viseu, 1999, p. 34.

18/02/2009

Poema sem nome

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Penso que, na pressa,
poderás ter-te esquecido
deste teu leque;
mas todos irão saber
como o deixaste cair!


ISUMI SHIKIBU - in "Tanka séculos IX a XI"


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17/02/2009

Poema sem nome

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Para onde vais
assim com tanta pressa?
Hoje durante a noite,
irás ver a mesma lua
onde quer que estejas.


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Ono No Komachi, in "Tanka - O Japão no feminino" - Assírio & Alvim
foto encontrada na net

16/02/2009

A Quimera

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La Quimera

Como as crianças caminhava para Oriente,
acreditando que podia tocar o sol com as mãos;
como as crianças ia pela terra redonda
perseguindo o horizonte e a quimera solar.

Estava a igual distância do oriente de oiro
por mais que caminhasse e voltasse a caminhar
então fiz como as crianças: sentindo a marcha inútil
colhi flores do chão e comecei a brincar.



Alfonsina Storni, in Poesia do Mundo


Fotos e composição - fernanda s.m.





« Ekphrasis »

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06/02/2009

Para a Soledade

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DÉJÀ VU

distraída folheio o livro de poemas
a capa um pouco partida as folhas
envelhecidas das mãos descuidadas
que foram as minhas há anos atrás

numa das páginas onde secaram
flores de macela de que restam
as manchas amarelas e um vago
cheiro a rio alguns versos cintilam

e nas palavras um pouco ácidas
familiares de as ter entoado
tantas vezes acordam vindos
do passado sons cheiros emoções

tardes de verão no jardim acabado
de regar a caleira a transbordar
uma criança a soluçar e a lua
pendurada na janela da cozinha

mas o que busquei no poema
ou as respostas que encontrei não
descubro agora pois das águas fundas
da memória irrompem e rebentam

como bolhas de ar o jardim
o choro a chuva a lua mas quem
os sentiu perdeu-se e eu já não sei
o que me disseram os versos do poema

Soledade Santos que tem o blogue - http://nocturnocomgatos.weblog.com.pt/

foto: fernanda s.m.

04/02/2009

ESCULTURA em Leiria.

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« Embora ainda relativamente jovem, Mário Lopes tem já uma vasta experiência de trabalho no estrangeiro, salientando-se a sua estada de largos anos em Itália e outros períodos na Coreia e nas ilhas de Cabo Verde; passou também algum tempo na Irlanda, onde tive o prazer e o privilégio de trabalhar com ele. O seu entusiasmo contagiante, a sua grande capacidade de concentração no trabalho, a completa ausência de “nonsense” ao expressar-se sobre arte e, claro, o seu talento natural, definem-no como um escultor de excepção ».


Ken Thompson


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Mário Lopes nasce em Leiria (1981), Portugal. Começa a sua carreira artística no Mosteiro da Batalha, onde completa o curso de Mestre de Cantaria na Escola de Artes e Ofícios Tradicionais da Batalha. Em 2000 muda-se para Itália onde estuda Escultura na Academia de Belas Artes de Carrara. Aí desenvolve estudos de anatomia e técnicas escultóricas essenciais na base da carreira de um escultor. Tem vindo a colaborar, como assistente, com vários escultores e artistas como : Han Soo Ji, (Itália); Han Jin Sub, ( Coreia do Sul); Ken Thompson, (Irlanda); Leão Lopes, (Cabo Verde).
Desenvolve os seus próprios trabalhos em Portugal e na Irlanda, tendo vindo a participar em exposições, simpósios e concursos.


2008 . Exposição colectiva “3On the wall + 1” na Stephen Pearce Gallery, Shanagarry, East Cork, Irlanda.
2008 . “II Semana de Escultura Rural en Mármol” Albanches, Almería, Espanha.
2007 . Exposição colectiva sobre a Figura do Anjo, Fátima.
2003 . Simpósio Internacional de Escultura “Iberoamérica-Israel”, Ashkelon, Israel.
2003 . Simpósio de Escultura “Taille de Pierre”, Menet, França.
2000 . Exposição colectiva da IV Edição do Prémio de Escultura e Pintura D. Fernando II, Sintra.
1999 . ”35º World Skills Competition”, Montreal, Canadá.
1999 . 1.º Prémio de Cantaria, no Concurso Nacional de Profissões, Faro.
1998 . 1.º Prémio de Cantaria, no Concurso Regional de Profissões, Aveiro.


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Eu fui ver. Gostei e, por isso, aqui estou a dar a notícia. Imprescindível a visita. Até ao dia 1 de Março de 2009, há ainda muitos dias para admirar !

01/02/2009

Agradecendo

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O prémio « Fractais da Palavra » que a Maria Toscano concedeu à
« estrela-da-madrugada»
e que agradeço com humildade e gratidão.

Um abraço amigo.
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De Maria Toscano:

(...)

vasta planície onde o olival é pavio
varejado pavio de candeias
fruto
em pratos e broas
e na almotolia
se a fome não vier

(..)
águas ribeiras línguas revoltas
desaguando saciadas,sempre
na calma.


este é o mar
guardador da letra da revolta
lavrador da sílaba fêmea
o amante da casa materna.


este. imensíssimo. ancestral
embalo do olhar onde se planta a calma


mãe das almas rubras

.

..
este. é. o mar


Para a Maria Gabriela.

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