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05/12/2008

Perdido.

*

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Perdido


o céu tem debitado
água de cisterna antiga
nestes dias de folhas mortas
tapete castanho da minha rua
suporta o peso dos que voltam a casa
troncos são decepados com dor
no ritual do Outono
pássaros agora assustados
tentam habituar-se
aos poleiros alterados
novos braços elevados
prece desta cerimóniade água
fogo e tédio
são outras agonias


só eu de longe assisto


vem Inverno
com teu descontentamento.


Carlos Peres Feio - in « podiamsermais » , edição da Junta de Freguesia de Carcavelos.

foto: fernanda s.m.

04/12/2008

ODE AO OUTONO

*

outono

ODE AO OUTONO


1

Estação de neblinas, doce e fecunda!
Companheira íntima do sol, com ele vais,
Quando ele abençoa e inunda
De frutos as videiras junto dos beirais;
Pra vergar de maçãs a musgosa macieira
E a fruta por inteiro tornar madura
Pra inchar as cabaças, prà avelã ficar gorda
Com uma doce amêndoa; há flores com fartura
Pra que a abelha as tenha sempre que queira
E pense haver dias quentes a vida inteira,
Pois o verão seus favos pegajosos transborda .

2

Quem não te viu já de fartura rodeada?
Às vezes, quem te procura sob outros céus,
No chão dum celeiro encontra-te descuidada,
O vento da limpeza ergue-te os cabelos.
Ou num rego meio-ceifado, em fundo torpor,
Tonta do perfume das papoulas, parada
A foice, junto da ceara a ceifar te demoras;
Às vezes, tens direita, qual rebuscador1,
A pesada cabeça, ao passar a ribeira;
Ou, junto de a prensa, observas tranquila
A cidra a gotejar no fluir das horas.

3

Que é das canções da Primavera? Onde hão-de estar?
Esquece-as, tua música também tem valor –
Nuvens orlam o dia morrendo devagar
Tingem os restolhos de sua rósea cor;
De os mosquitos a dorida serrazina,
Crescente, entre os salgueiros do rio se ouvia,
Diminuindo, se o vento fica mais brando;
Os cordeiros balem na próxima colina;
Cantam grilos, alto, mas cheios de harmonia,
Num quintal, pisco vermelho assobia,
E as andorinhas chilreiam nos céus em bando.

John Keats (1795-1821)

in «Antologia de Poesia Anglo-Americana – De Chaucer a Dylan Thomas », edição bilingue, pp. 239 e 241, Selecção, tradução, prefácio e notas de António Simões, edição “Campo das Letras”, Outubro de 2002.




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fotos: fernanda s.m.

13/10/2008

... nem folhas no Outono

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não há palavras nem folhas no Outono


o mar aquiesce o sentido

onírico

o encontro espera.se

mais ousado e

carnal



gritos ........ gemidos

sussurrados

na outonal

revelia


não há palavras


os peixes trazem no ventre

desejos inscritos


a desova



gabriela rocha martins, in canto.chão

foto: fernanda s.m.



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06/10/2008

Balada de Outono.

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BALADA DE OUTONO


Sou uma folha perdida
Que desce tonta de sono
Para a terra prometida
No regaço do Outono.

Sou uma folha que voa
Sem saber de onde veio
Nem aonde vai parar
E que vai voando à toa
No seu errante passeio
Pelos caminhos do ar.

Como alguém que vai sozinho
Procurando companhia,
Pode ser que tu me escolhas
Entre tantas outras folhas
Que descem tontas de sono
Para a terra prometida
No regaço do Outono.

Pode ser que tu, ouvindo
O som de esta canção,
Me deixes, folha caindo,
Ficar em teu coração.


ANTÓNIO SIMÕES, in «SEIS LETRAS PARA CANÇÕES»
foto: fernanda s. m.

03/10/2008

O Outono e o Crisântemo.

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« O Crisântemo deve sentir-se um imigrante pobre no Ocidente, onde tem boa acolhida apenas no outono, graças à escassez de outras flores. Há mais de dois mil anos é cultivado no Extremo Oriente. No Japão é tão admirado que o Imperador senta-se no trono do crisântemo. O nome origina-se das palavras gregas chrysos, ouro, e anthemon, uma flor, pois a espécie cultivada era a amarela. Hoje, suas cores incluem todos os tons de amarela, rosa e vermelho-ferrugíneo, mas a minha favorita é a cor de bronze, cor de garança rósea. A família inclui a simples margarida, o crisântemo-anão e o bronzeado de dupla floração que, na Europa, desabrocha até no fim do outono. Existem ainda as variedades cultivadas para serem colhidas e arrumadas dentro de casa. Estas últimas têm pesadas flores arredondadas e pétalas onduladas formando uma bola. Parece um milagre da natureza que um caule tão frágil aguente uma flor tão pesada. »

in :
Editado por : Sheila Pickles

30/09/2008

September song(s) - 26

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FIM DE SETEMBRO

Ó manhã, manhã,
manhã de setembro,
invade-me os olhos,
inunda-me a boca,
entra pelos poros
do corpo, da alma,
até ser em ti,
sem peso e memória,
um acorde só
do vento e da água,
uma vibração
sem sombra nem mágoa.


Eugénio de Andrade, Ostinato Rigore
imagem encontrada em : "flora", de Edward Lucie-Smith

29/09/2008

September song(s) - 25



O QUE ESTÁ ESCRITO NAS ESTRELAS


( Setembro nas estrelas -2 )
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Ilustração de Setembro, Ano II


Texto de Setembro, Ano II

27/09/2008

September song(s) - 23


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O último sábado de Setembro

Manhã de sábado
Manhã de praça
Manhã de compras

Ó freguesa, não vai um cheirinho?

Manhã de luz de Setembro
Manhã das coisas que me lembro
Manhã de acordar ao relento

Ó freguês, não vai um cafezinho?

Manhã de orvalho
Manhã de gotas suadas
Manhã de sinfonias, a soarem de galho em galho

Ó fregueses, então não vai um abracinho?

Poema de : João Firmino in Circulo de Poesia

in http://portuguesapoesia.blogspot.com/2006_09_01_archive.html

26/09/2008

September song(s) - 22

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Nota : para poderem ouvir o som dos vídeos, será conveniente fechar o som da música que estiver a tocar automaticamente nalgum "post", para que os sons não se sobreponham .
























foto: fernanda s.m.

25/09/2008

September song(s) - 21

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Pequena elegia de setembro


Não sei como vieste,
mas deve haver um caminho
para regressar da morte.

Estás sentada no jardim,
as mãos no regaço cheias de doçura,
os olhos pousados nas últimas rosas
dos grandes e calmos dias de setembro.

Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?

Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.

Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?

Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.

EUGÉNIO DE ANDRADE

24/09/2008

September song(s) - 20

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CANTO DE OUTONO


Canto o meu amor por ti
quando no céu aparece
a estrela rara da manhã
e tudo o mais desaparece

Canto o meu amor por ti

tão quente ainda o sono
tanto mais de mim por ti
luz e inquieta no outono

Canto a manhã nos olhos
o sabor a fruta madura
canto o que o sol aquece
e insolente são perdura

Canto alegrias fugazes
no céu de nuvens da manhã
canto o que em mim desperta
o simples brilho da romã


José Ribeiro Marto / in http://margensdapoesia.blogspot.com/

foto: fernanda s.m.



22/09/2008

September song(s) - 18

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poema de António Simões / foto de Augusto Mota
folhagem outonal de uma Liquidambar ( Liquidambar styraciflua )




September song(s) - 18

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E hoje, setembro é já outono !
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foto : Amélia Pais / manipulação: fernanda s. m.